“Cárcere Sagrado” é o enredo do Acadêmicos do Dendê para o próximo Carnaval

Ele vem para dar luz e voz ao povo de axé que por tantas vezes é oprimido, trazendo uma narrativa que se inicia entre o fim da primeira república e o início da Era Vargas e perdura até 2020, com histórias dos objetos religiosos que eram apreendidos pela polícia e alocados posteriormente no museu da polícia civil com a denominação de ‘Coleção Magia Negra” e expostos ao lado de coleções relacionadas ao holocausto e de outros crimes brutais da história da humanidade.

 

O Acadêmicos do Dendê trará uma mensagem atual para a sua comunidade, com um recorte no período histórico e com foco nas conhecidas “macumbas cariocas” daquele período, mostrando e recebendo o povo de Axé e levantando a bandeira da tolerância em tempos tão intolerantes, em que ainda reinam o preconceito e a ignorância diante das religiões de Matriz africana, o enredo se faz necessário e preciso num país onde até os dias atuais imperam o racismo, mães perdem a guarda de filhos por levá-los ao terreiro, casas de axé ainda são vandalizadas e destruídas, vemos a intolerância ser pregada em grandes eventos e o povo de axé sofrendo agressões físicas e verbais na rua.

 

O Dendê vem clamando um basta, e pedindo paz entre os povos e entraremos na Avenida para afirmar e mostrar que todos os caminhos, independente da crença levam à sagrada energia chamada Deus, pedindo um basta contra o racismo que impera no país condenando tudo que vem do povo preto, ainda menosprezado e diminuído, para lembrar ao povo preto que sim, podemos cultuar nossos deuses e que somos descendentes não de escravos, mas de uma rica realeza africana e não será o preconceito que calará nossa voz.

** Este texto não necessariamente reflete, a opinião do FoliaDoSamba