Os rituais com máscaras são tradição da África Subsaariana, sendo símbolo da diversidade das etnias presentes no continente africano. As máscaras refletem a arte, os saberes e as crenças de seus povos.
A cultura dos diversos povos africanos é riquíssima em elementos simbólicos e sua arte é conceitual. As máscaras são o exemplo perfeito disso. Elas expressam e sintetizam valores e ideias e podem reunir muitos elementos que mesclam aspectos animais, humanos e espirituais para expressar a visão de mundo compartilhada por seu povo, fortalecendo a coesão social e o sentimento de pertencimento.
Irin Ajó Emi Ojisé explora os significados e simbolismos dessas máscaras para reforçar os valores nela contidos, em uma exaltação direta e indireta à cultura e à arte dos povos africanos.
O enredo buscou respeitar os sentidos reais de cada uma das máscaras apresentadas, contextualizando-as a uma leitura fantástica e carnavalizada da história africana, desde a antiguidade até um futuro projetado pela liberdade poética do carnaval.
Na narrativa de nosso enredo, Orunmilá é o espírito que incorpora nas máscaras e dá forma a elas, com o intuito de ensinar o seu povo e direcioná-lo no caminho de odara e alafiá. O espírito ensina por meio da máscara e a máscara ensina por meio de sua concepção artística. Assim, o enredo busca, ao mesmo tempo, valorizar a arte, a cultura e os valores morais presentes nos povos africanos.
Os desfiles de escola de samba são uma das raras expressões artísticas que se orgulham em fugir do eurocentrismo e do imperialismo cultural. Orgulhamo-nos de nossas origens africanas e, ano a ano, fazemos questão de ressaltar nossas raízes mais profundas. Sendo assim, o carnaval já é, em si, um exercício libertário e descolonizatório de corpos e pensamentos.
Irin Ajó Emi Ojisé é um enredo afro de uma África rica e plural que veste suas máscaras para mostrar a sua cara. Arte, cultura, identidade e descolonização é odara!
** Este texto não necessariamente reflete, a opinião do FoliaDoSamba