Hoje é dia de bater um papo com ela que defende o primeiro pavilhão da “Maior escola de samba do planeta”. Squel Jorgea, 1ª Porta-bandeira da Mangueira.
Quem é a Squel?
– A Squel, apesar de exposta pela profissão, é uma pessoa reservada, de poucos amigos e com mania de limpeza rsrs. Sou uma pessoa muito organizada e a cada dia vendo me conhecendo, me redescobrindo e com o passar do tempo venho vencendo uma coisa que as pessoas nem imaginam, a autoestima baixa.
Como começou o envolvimento com o carnaval?
– Meu envolvimento começou muito novinha, o samba sempre foi muito presente pelos laços sanguíneos, meu avô Xangô da Mangueira, então a família sempre respirou samba. Com a separação dos meus pais, eu queria muito ficar perto dele e ele era parte da harmonia da Grande Rio, então essa foi a forma que eu tinha de ficar próxima. Eu e mais algumas crianças saia de São João de Meriti para ensaiar na Grande Rio, isso foi do carnaval de 92 para 93.
Por quais agremiações você já desfilou?
– Comecei na Grande Rio e por lá fiquei 19 anos, sendo 11 como primeira Porta-bandeira. Depois disso defendi o pavilhão da Mocidade Independente no Carnaval 2013 e agora estou indo ao meu nono ano na Estação Primeira de Mangueira.
Como é para você hoje defender um dos pavilhões mais tradicionais do carnaval como a Estação Primeira de Mangueira?
– Apesar dele ser portelense, vou usar uma fala de Paulinho da Viola, “Sei lá não sei, sei lá não sei, a Mangueira é tão grande que nem cabe explicação”. Não tem como definir, por mais que a gente busque palavas, a gente nunca chega ao alcance da escola. Quem gosta do carnaval tem um respeito imenso pela Mangueira e é uma honra fazer parte desta história, defender o pavilhão verde e rosa, é um envolvimento de muita história é um sentimento que não cabe explicação.
Você tem alguma inspiração no samba?
– Não tem como olhar lá atrás quando eu comecei e não lembrar da dança e das expressões de Ana Paula. Ela tem um jeito só dela, uma postura na vida e na dança. Também via muito a Bruna, uma terceira porta-bandeira da Grande Rio quando eu era pequena, a Jaqueline também me deixava encantada. Quando eu já estava maior me deparei com Rute, que me fascinava e também na história de Mocinha e de Neide. Ambas que defenderam, conduziram e se dedicaram de forma tão forte e ainda são presentes na Mangueira. Também tenho referências e inspirações com tia Dodô, que tive o prazer de conviver também. Um outro tipo de dança, uma dança com paixão, pela forma que ela sempre se portou até o último dia que pode frequentar a Portela.
Como funciona a sua preparação para o desfile?
– É o tempo inteiro, eu não paro. Não deixo de malhar nem cuidar da minha alimentação, é claro que depois que passa o carnaval dá uma afrouxada rs, mas é o ano inteiro com nutricionista, até terapia. Tenho uma rotina de treinos físicos e cuidados com o corpo, treino com o Matheus e nossa coreógrafa Ana Paula e cada vez mais vai se intensificando.
Como é a sua relação com o seu mestre-sala ?
– O Matheus é meu tio, por mais que as pessoas possam achar que seja fácil, não é rs. Assim que ele foi promovido a primeiro Mestre-sala eu precisei da ajuda da nossa coreógrafa. Por mais que eu fosse mais experiente na carreira, era o meu tio ali. Como eu disse, eu sou muito chata, exigente então tive que aprender a lidar com essa posição, ser tio e sobrinha, mas também ser dois profissionais. Eu e a Ana falamos que criamos um monstrinho, porque ele chega a ser pior do que a gente, com ele não tem tempo ruim para ensaios, treinos e tudo mais.
Qual a mudança que o carnaval fez na sua vida?
– O carnaval sempre esteve presente na minha vida, mas me deu um norte “vai por aqui que vai dar certo”. Com o tempo eu me enxerguei uma artista que faz parte do mais espetáculo do mundo, o qual eu tenho orgulho imenso de fazer parte. Me ensinou a me valorizar, a respeitar, me ensinou muito na vida. É a minha profissão, a minha base, meu sustento e tenho muito orgulho de ter aprendido tanta coisa no carnaval.
O que o carnaval significa para você em apenas uma palavra?
– Transformação.
Aquele recado especial da Squel para os internautas do Folia do Samba e amantes do seu trabalho
– Agradeço o carinho das pessoas com a Squel, a profissional, a port-bandeira, sentir o carinho de todos independente da bandeira que o torcedor torça. Estou rezando para que isso tudo possa passar, enfim podermos voltar a trabalhar, voltar a vida. Para quem ama o carnaval e sente falta de estar vivendo tudo isso, o aconchego, o calor humano, até os estresses, rsrs que possamos ter fé e esperança para voltarmos a viver o carnaval do jeito que a gente gosta e que merece.
** Este texto não necessariamente reflete, a opinião do FoliaDoSamba