Blocos da Penha, em São Paulo, lançam carta pela democratização do carnaval

Apesar de representarem uma significativa fatia numérica no carnaval de rua paulistano, os Blocos carnavalescos da Penha e região não se sentem representados na relação com o poder público municipal. Os mais de 200 mil foliões que tomam as ruas da região durante a folia de momo nos bairros da Penha, Cangaiba, Arthur Avim, Vila Esperança e Vila Matilde carecem de infraestrutura e apoio para apresentarem o resultado de seus esforços.

Falta de policiamento adequado, banheiros químicos, diálogo com a municipalidade, infraestrutura e incentivo financeiros são os principais pleitos que os organizadores reclamam e defendem que sejam modificados. Blocos tradicionais da região como Tá com Medo Por Que Veio, Cordão da Dona Micaela Vieira, Cacique Social Club, Bloco da 3, Bloco do Chiquinho, Bloco do Temperadinho, Levanta Quem Cai e Família Sabotagem têm se reunido para discutir questões como estas e também pleitearem maior inserção na organização dos festejos na cidade.

A motivação dessas entidades e coletivos se dá exatamente após a assinatura do decreto municipal 60.358 pelo prefeito Ricardo Nunes que cria comissões para montar grandes eventos na cidade a serem realizados entre este ano e 2022, dentre os quais, o próprio carnaval de rua no ano que vem.

Para minimizar os prejuízos listados pelos organizadores da iniciativa, um documento está sendo compartilhando entre todas as entidades e será enviado ao prefeito Ricardo Nunes juntamente com um pedido de audiência. No documento nominado “Carta Aberta dos Blocos da Penha e Região” está sintetizada a pauta do grupo: “Podemos constatar que há uma forte tendência de ‘centralização da folia’, onde os grandes circuitos carnavalescos da cidade estão localizados no Centro, Zonas Oeste e Sul; o que torna a festa menos democrática e aparta do contexto uma região consagrada historicamente pela sua tradição”. Endossam os líderes do movimento.

“O Carnaval de Rua da Penha e região é um dos mais tradicionais de São Paulo. Tendo em vista o crescimento do carnaval de rua de São Paulo, infelizmente aqui na Zona Leste fomos esquecidos, pois para fazermos o mínimo para o Bloco estar na rua temos que assumir um custo e nunca tivemos o apoio da Prefeitura, que por outro lado, foca muito nos Blocos do Centro, Zona Sul e Zona Norte. Só queremos poder continuar fazendo o nosso povo brincar de Carnaval onde para muitos é o único lazer no período de Carnaval. Sozinhos, sem nenhum investimento do poder público fica muito difícil continuarmos, tendo em vista que os poucos empresários que nós ajudavam pós Pandemia já declaram que não tem condições de nos ajudar.
Esperamos que a Prefeitura nos receba e possa incluir nossos Blocos que juntos arrastam mais de 150 mil pessoas. “ Destaca Gabriel Cacique – Fundador do Bloco Cacique Social Club

De fato, a região da Penha é um dos berços do carnaval de São Paulo; não se pode falar da festa na cidade sem considerar o que representou clubes como 5 de Julho, RUVE, Guarani e entidades como Tia Gê, Nenê de Vila Matilde, Flor da Penha, etc. Sem contar ainda com a histórica marchinha carnavalesca de Adoniram Barbosa intitulada Vila Esperança.

** Este texto não necessariamente reflete, a opinião do FoliaDoSamba