PROSA DO FOLIA: Caio Cidrini, Carnavalesco da Em Cima da Hora

Trabalhando em dose dupla no próximo carnaval, hoje a gente bate um papo com Caio Cidrini, Carnavalesco da Em Cima da Hora, que traz suas experiências, inspirações e trajetória na folia.

Quem é o Caio Cidrini?

Um homem de 27 anos que põe paixão em tudo que se propõe a fazer. Curioso por natureza, é um publicitário, carnavalesco e agora até gamer que busca sempre encontrar desafios, alternativas e caminhos que impeçam qualquer comodismo na vida. Apaixonado por literatura, comida, perfumes, drinks e animais.

Como começou o envolvimento com o carnaval?

Sempre assisti ao desfiles na TV e perto do carnaval meu vô trazia o CD dos sambas de enredo do ano e isso criou um interesse. Mas o momento do estalo foi quando meu padrasto e minha mãe passaram a nos levar pro Centro nos dias de folia pra ver os carros alegóricos enfileirados na Presidente Vargas, além do Cacique de Ramos, o Bafo da Onça e o Bohêmios de Irajá. As fantasias, a alegria das pessoas, a dança, aquele conjunto de coisas me fez folião. O amor foi tanto que desde 2008 minha família passou a ir aos desfiles do antigo Grupo de Acesso, Série A e eu no Especial mesmo sem sermos tradicionalmente do samba. Só que assistir já não me bastava mais e eu resolvi começar a participar dos processos de produção, tendo no Carnaval Virtual a porta de entrada pra esse universo. Aí corri atrás de curso de desenho de fantasia da AMEBRAS e da Escola de Carnaval da Pimpolhos da Grande Rio, escola mirim da tricolor de Caxias.

Por quais agremiações você já trabalhou?

Eu comecei minha trajetória na própria Pimpolhos. Após um tempo como voluntário, Clebson Prates, carnavalesco da escola, me chamou pra fazer parte da equipe de aderecistas que fazem diversos eventos ao longo do ano. Depois disso eu comecei como enredista pro Alex Carvalho na Chatuba de Mesquita, mas acabei participando do processo inteiro de feitura do carnaval 2020. Depois dessa experiência resolvemos trabalhar em dupla.

Como veio o convite para a Em Cima da hora?

O primeiro contato da escola com a gente foi através do Alex que foi convidado pra uma conversa sobre a possibilidade de trabalhar na Em Cima da Hora. Logo depois eu fui apresentado à equipe, ao projeto e desde então estamos juntos nessa.

A Em Cima da Hora apresentará uma reedição de um de seus grandes carnavais. É uma pressão a mais?

Com certeza ser responsável por uma reedição tem seu peso. As pessoas já possuem referências de um desfile, de um samba, já projetam suas memórias afetivas sobre algo tão marcante do nosso carnaval como o 33. Mas ao mesmo tempo, essa reedição em específico, traz tantas possibilidades de releituras devido à atualidade do tema, que acho que a pressão se equipara à motivação de criar, de darmos o nosso recado, de imprimir nossa identidade.

Na Intendente, você também assinará a Independentes de Olaria ao lado do Alex. Como é ter dois trabalhos em dupla?

O trabalho em dupla em si é algo bem natural pra mim. Eu conheci o Alex na Pimpolhos, fizemos Chatuba e somos amigos. Temos perfis bem complementares e diferentes e eu acho que isso traz mais equilíbrio ao resultado final que é o desfile. Obviamente qualquer trabalho a quatro mãos exige mais negociação e debate, mas tenho certeza que isso é muito mais benéfico do que qualquer outra coisa. Talvez o maior desafio seja equilibrar a feitura de duas escolas tão fortes, mas até nisso o fato de não trabalharmos sozinhos e ainda contarmos com diretores, como o Flávio Azevedo na Em Cima da Hora e o Guilherme Estevão na Olaria, presidentes e comunidades tão dispostas ajuda.

Você é carnavalesco, mas samba no pé, você tem?

Sinceramente? Nem um pouco! É inclusive uma tristeza minha hahaha. Meu estilo é mais o de abrir os braços e berrar o samba.

Você tem alguma inspiração no carnaval?

Se eu tivesse que dizer um nome apenas seria Renato Lage. A primeira lembrança que tenho de desfile de escola de samba é o Villa-Lobos dele na Mocidade. No entanto somos fruto de muita gente que fez carnaval antes da gente, né? É impossível não se inspirar em tantos outros, como Rosa, Louzada, Fábio Ricardo, Leandro Vieira, Bora e Haddad.

Qual a mudança que o carnaval fez na sua vida?

A minha decisão de fazer carnaval foi no mesmo período de um dos piores momentos da minha vida, em 2017. Eu estava recém-formado, desempregado, tinha acabado de terminar um relacionamento longo. Se não fosse o barracão eu acho que eu levaria mais tempo pra encontrar forças pra sair daquela. Coincidência ou não, depois disso minha vida só andou pra frente.

O que o carnaval significa para você em apenas uma palavra?

– Alento.

Aquele recado especial do Caio para os internautas do Folia do Samba e amantes do seu trabalho

– Vivemos tempos difíceis, mas não desistam do carnaval. Ele cura, une, gera renda e é válvula de escape dos tropeços da vida. Não é vergonha nenhuma festejar e não deixem ninguém dizer o contrário. A cultura transforma e assim que possível estaremos sambando, até os que não sabem sambar como eu, juntos. Um beijo!

 

** Este texto não necessariamente reflete, a opinião do FoliaDoSamba